A gestão para a inovação tem sido uma temática cada dia mais relevante para as empresas e seus gestores. Hoje estão disponíveis no mercado cursos, programas de pós-graduação e MBA focados no tema, além de ser uma pauta bastante discutida pelos especialistas em inovação.
Não há uma fórmula mágica ou pronta que garanta o sucesso no processo de inovação, contudo, para uma gestão eficiente, é importante considerar aspectos relevantes como o ambiente de cada organização, sua maturidade e ainda os recursos disponíveis para este processo.
Visto a relevância da gestão da inovação, a ABNT (Associação Brasileira de Nomas Técnica), nos últimos anos, publicou normas específicas vinculadas à Isso/TC 279 (Innovation management). São elas:
- ISO 56000, Sistema de gestão da inovação – Fundamentos e vocabulário: forneceistemaxto essencial para a compreensão e a execução istemaema de inovação.
- ISO 56002, Sistema de gestão da inovação – Diretrizes: fornece orientações para o desenvolvimento, implementação e manutenção de istemaema de gestão da inovação.
- ISO 56003, Gestão da inovação – Ferramentas e métodos de parceria para a inovação — Orientações: fornece recomendações para engajar parcerias externas para realizar a inovação.
- ISO 56005, Gestão da inovação – Gestão da propriedade intelectual – Diretrizes: fornece orientações sobre como utilizar a propriedade intelectual para atingir os objetivos de negócio.
Iremos explorar aqui, os pontos que foram apresentados na ISO 56003, que trata das parcerias para a inovação. O objetivo é apontar diretrizes que apoiem as organizações, independentemente de seu porte, a tomarem as melhores decisões quanto a entrada em uma parceria de desenvolvimento de projetos de inovação. O documento propõe uma abordagem estruturada e apresenta as ferramentas aplicáveis, podendo ser usado em qualquer fase do processo de inovação, de forma a ter insumos para:
- Decidir pela entrada ou não em uma parceria de inovação
Esta etapa busca realizar uma análise das lacunas da organização de forma a identificar as capacidades e recursos (humanos, infraestrutura e financeiros) para se decidir se haverá necessidade de buscar uma parceria para o desenvolvimento do projeto.
Algumas ferramentas de gestão podem ser utilizadas para realizar as avaliações de forma a identificar as lacunas. São elas: Análise de lacunas (Gap Analysis), Scorecard, Análise SWOT, dentre outras.
Após o levantamento das lacunas, é essencial determinar a melhor abordagem para preenchimento das lacunas levantadas, analisando se deverá ser realizado internamente ou por meio de parcerias.
- Identificar e selecionar parceiros
Esta etapa busca fornecer orientação sobre como uma organização pode identificar, avaliar e selecionar seus parceiros de maneira mais apropriada. Para se realizar tal processo de análise, é importante que sejam levantados os prós e contras de potenciais parceiros. Aqueles pré-selecionados serão envolvidos em negociações preliminares para determinar a compatibilidade entre as organizações e, ainda, o quanto estão dispostos a colaborar com o desenvolvimento do projeto.
- Alinhar os parceiros e concordar com um entendimento comum
Esta etapa busca trabalhar na pré formalização dos acordos de parceria, sendo importante assegurar uma compreensão partilhada da oportunidade proposta para a inovação e a parceria. Para tanto, objetivando o aumento na probabilidade de sucesso da parceria de inovação, devem ser alinhados aspectos como:
- A não divulgação: assegurando a confidencialidade nas informações do desenvolvimento e da parceria em si;
- O desenvolvimento de um entendimento comum: avaliando aspectos importantes para os parceiros, como benefícios do cliente e, ainda, fatores que podem influenciar os insumos exigidos e os resultados, bem como fatores relacionados com o plano de ação.
Importante salientar que a norma aconselha que tais alinhamentos sejam registrados na forma de um memorando de entendimento ou de uma carta de intenções.
- Atribuir papéis, responsabilidades e governar a interação
Esta etapa tem como objetivo descrever as interações entre parceiros no contexto de uma parceria de inovação. As interações podem variar dependendo da natureza da colaboração e dos papeis dos parceiros no contexto do projeto e da parceria em si. A formalização é realizada via acordo de parceria para a inovação.
Diversos fatores podem influenciar o acordo de parceria, como a duração da parceria, as culturas organizacionais, relacionamentos existentes, compromissos e acordos, por exemplo.
Importante destacarmos alguns elementos que devem ser abordados no acordo de parceria. São eles:
- Confidencialidade;
- Programa e objetivos da parceria para a inovação;
- Implementação da parceria para a inovação;
- Gestão;
- Governança;
- Financiamento e recursos;
- Orçamento;
- Papéis e responsabilidades;
- Ativos intelectuais;
- Dentre outros.
Tendo em vista todos os pontos detalhados, compreendemos os aspectos a serem avaliados para que seja estabelecida uma parceria de desenvolvimento de projetos de inovação, mas podemos concluir que o principal é que as parcerias devem ser muito bem analisadas antes de serem firmadas. Os projetos de inovação, por si só, já possuem muitas incertezas e riscos, devendo as parcerias serem um mecanismo de geração de ganhos ao projeto e aos parceiros.