ISO 56002: O que é a ISO de inovação?

Conheça as principais diretrizes para a elaboração de um sistema de gestão da inovação.
Cíntia Souza

Cíntia Souza

Graduada em engenharia química, especialista em gerenciamento de projetos e em engenharia de processos industriais. Na Abgi, atua na área de gestão de projetos com aplicação de metodologias ágeis.

« Retornar aos conteúdos

É essencial para uma organização se posicionar à frente dos concorrentes, de forma economicamente viável e socialmente responsável. A capacidade de inovação se torna, neste sentido, uma alavanca para o crescimento das companhias, já que permitem melhor adaptação às mudanças e busca constante de oportunidades.

Quando se fala de inovação, as incertezas logo vêm à tona. Uma das formas de melhorar a capacidade de gerir os riscos de inovar em uma empresa é estruturar um sistema de gestão da inovação (SGI) que permita orientar a organização de maneira eficaz para alcançar os resultados pretendidos.

É possível perceber uma série de benefícios deste SGI, dentre os quais podemos citar: engajamento e satisfação de todas as partes interessadas, redução de custos e aumento da produtividade. Em consequência, há um crescimento da empresa frente ao mercado, maior rentabilidade e competitividade.

 

Diretrizes para inovação

Com o intuito de apoiar a construção deste sistema dentro das empresas, foi desenvolvida pelo comitê ISO/TC 279 a família de normas ABNT ISO 56000.

Atualmente, este conjunto conta com 3 normas publicadas, sendo:

  • ISO 56002 – Gestão da inovação – Sistema de gestão da inovação ― Diretrizes;
  • ISO 56003 – Gestão da inovação – Ferramentas e métodos para parceria de inovação;
  • ISO TR 56004 – Avaliação da gestão da inovação – Orientação

Em se tratando mais especificamente da ISO 56002, entende-se que toda a estruturação do sistema de gestão da inovação deve ser precedida pelo entendimento da organização. É preciso avaliar o contexto externa e internamente, para verificar não apenas as oportunidades potenciais, mas também os impactos e resistência às mudanças em determinados cenários.

As questões culturais da empresa e das partes interessadas também são bastante relevantes nesse contexto inicial, pois atingem diretamente a adaptabilidade de estratégias e o comprometimento de todos os níveis da organização. É importante lembrar que devemos entender como partes interessadas todos aqueles que, de alguma forma, serão impactados pela inovação. Esse pensamento nos leva a investigar o que é demandado pelos colaboradores, mas também por toda a sociedade, visando atender às necessidades e superando as expectativas.

O estabelecimento do SGI deverá ser incitado em todos, através da modificação gradual da cultura da empresa. Para que o sistema funcione de forma satisfatória, a empresa deve considerar a promoção de um ambiente de trabalho que encoraje a curiosidade, incentivando a busca por aprendizagem e criatividade, a colaboração também é um alicerce a ser trabalhado, já que melhora a disciplina e confiança entre as partes.

Para que se tenha clareza então do processo que a empresa passará, deve ser elaborada pela alta direção uma política de inovação. Nesta, teremos toda a visão e estratégias que levaram à estruturação do SGI, para que sirva como guia para as escolhas e descreva a importância ad inovação no contexto de crescimento esperado para a organização.

Esta política também contará com a atribuição dos papéis, responsabilidades e autoridades dentro do sistema, para assegurar que o SGI alcance os resultados pretendidos. Cada pessoa será responsável por fomentar o seu papel e levar a diante as ações que o farão efetivo, bem como reportar à alta direção o desempenho do sistema e as oportunidades de melhoria em tempo.

Seguido dessa parte inicial, teremos mais alguns passos para a estruturação do sistema, são elas: planejamento, suporte, operação, avaliação de desempenho e melhoria contínua.

O planejamento do SGI

No planejamento do sistema, é preciso:

  • Abordar as oportunidades e riscos com a estruturação de ações para abordagem das incertezas que são atreladas às oportunidades, bem como o nível de aceitação dos riscos, de forma que apoie a tomada de decisão de cada um dos papéis definidos no sistema;
  • Definir os objetivos do sistema, de forma condizente com a política de inovação, sempre com intuito de atingir as metas gerais da construção do SGI. O planejamento das atividades para alcance dos objetivos deve contar com direcionamentos às oportunidades de cada área, responsabilidades, métodos de avaliação de resultados bem como forma de comunicação e de documentação das informações;
  • Modelar a estrutura da organização para que seja adaptável a todo o sistema a ser estruturado, de forma a alavancar o processo. É preciso mudar o contexto da organização, para que a liderança e os processos sejam flexíveis ao grau de incerteza que será instaurado no dia a dia;
  • Priorizar o portifólio de inovação, com equilíbrio entre risco e retorno, de forma que tal retorno seja o mais conectado possível com os objetivos. A gestão deste portifólio pode levar tanto à iniciativas para melhoria de soluções já existentes quando de alcance de novos mercados.

Todo este planejamento deve ser feito de forma que sejam alcançados os efeitos desejados da implementação do sistema.

Suporte do SGI

A ideia do suporte é estruturar os recursos, de maneira geral, para que eles estejam disponíveis sempre que necessário, de preferência desvinculados de outras atividades que não englobem inovação, para que nas fases posteriores (operação, avaliação de desempenho e melhoria contínua) tenham, em tempo hábil, possibilidade de ação frente a determinado risco. Neste sentido, se torna necessário, por parte da organização:

  • gerenciar e formar as pessoas para fazer parte da equipe, com estabelecimento de incentivos e proteção adequados;
  • alocar tempo para o desenvolvimento de cada uma das iniciativas e também para treinar a equipe, de forma equilibrada;
  • organizar as ideias de tal forma que todo o conhecimento seja adquirido, compartilhado, com propriedade intelectual protegida e informações documentadas;
  • prever e destinar os recursos financeiro dedicados à inovação, sejam eles uma porcentagem do orçamento anual ou frutos das várias formas de financiamento disponíveis, como investidores públicos e privados;
  • fornecer instalações, equipamentos e tecnologia necessários para apoiar o SGI e todos os processos deste;
  • desenvolver novas ferramentas e métodos que otimizem as atividades.

Operação do SGI

A operação do sistema contempla atuar com processos bem definidos que se adequem às iniciativas de inovação. O objetivo desses processos é que eles sejam adaptáveis, podendo ser iterativos, ágeis e não lineares. Estes podem ser independentes ou associados aos demais processos da organização, sempre ser conectados de alguma forma, assim não haverá conflitos entre as áreas.

Em geral, os processos de inovação seguem o raciocínio de: Identificar oportunidades – Criar conceitos – Validar os conceitos – Desenvolver soluções e Implantar essas soluções. Por se tratar de uma sequencia não linear, uma iniciativa pode permear por todas essas fases, adaptando-se para atender aos requisitos de cada uma delas.

Avaliação de desempenho do SGI

Com o sistema estruturado, é necessário determinar o que deve ser monitorado, quais indicadores vão ser usados, as ferramentas e métodos de medição e análise e as responsabilidades. Os indicadores podem ser quantitativos ou qualitativos e podem ser usados em comparação com demais organizações. A frequência de análises depende do contexto da organização e é fundamental para otimizar ainda mais o desempenho da inovação.

Processos de auditoria interna são essenciais para verificar se os requisitos do SGI estão sendo cumpridos, se existem outros que devem ser incorporados para a melhora do processo como um todo. As auditorias devem ter periodicidade definida e também os critérios a serem analisados. É importante que os outputs dessa auditoria sejam analisados criticamente pela alta direção. Essa avaliação pode permitir verificar oportunidades de melhoria tanto no processo quanto no sistema como um todo.

Melhoria continua do SGI

Os resultados da avaliação de desempenho são alimentos importantes para a fase de melhoria contínua, é importante entender que este ciclo não funciona no modelo cascata, mas sim de forma contínua, então estas melhorias podem ser observadas e aplicadas durante todo o processo. Para esta etapa, o ideal é:

  • manter e aprimorar pontos fortes;
  • abordar e fortalecer os pontos fracos;
  • corrigir, impedir ou ao menos reduzir o número e a intensidade dos desvios (efeito indesejado ou desempenho não satisfatório) e não conformidades (não cumprimento de determinado requisito).

 

É essencial que todas as mudanças a serem estruturadas nesta fase e, posteriormente, aplicadas sejam comunicadas para todas as partes interessadas, de forma que acelere o processo de incorporação das novas ações, bem como incite o aprendizado e busca por pontos de melhoria por todos os envolvidos.

A tratativa de desvios e não conformidades devem ser pautada em ações que controlem e corrijam de forma mais breve possível os problemas, e também visando lidar com as consequências e impedir novas ocorrências.

Para te ajudar na implantação da norma e criação dos processos, você pode contar com o nosso Workshop de Liderança. Entre em contato conosco para conferir o conteúdo programático e veja como acelerar os resultados da sua organização!

Leia também: Ambientes de Inovação: Conceitos, premissas, desafios e benefícios

 

Compartilhe

Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Posts Relacionados

Comentários