O desafio de desenvolver a capacidade de converter ideias em valor é fator preponderante para o sucesso do crescimento econômico de um país. A formação de um ecossistema de inovação acrescenta valor aos produtos e ganhos em processos produtivos.
As medidas de incentivo às práticas inovadoras são consideradas prioritárias em diversos países, especialmente nos desenvolvidos. Nos últimos anos, o Brasil avançou significativamente ao modernizar políticas e instituições de apoio à inovação. Atualmente se dispõe de instrumentos similares aos encontrados em países desenvolvidos, porém, ainda é necessário aprimorar a operação dos mecanismos disponíveis e melhorar a estrutura das empresas para a captação desses recursos.
Segundo levantamento da OCDE (2015), o Brasil ainda está distante dos países mais avançados, tanto no dispêndio em P&D assim como nos recursos humanos envolvidos, sendo necessários investimentos crescentes para que esse quadro seja alterado nos próximos anos.

A recente crise econômica mundial afetou especialmente os investimentos privados em PD&I, fato que levou os governos a aumentarem os aportes no setor a fim de suprir a lacuna deixada pelas empresas.
Diante deste contexto de escassez de recursos para inovação, é importante que as empresas desenvolvam sua estrutura para captação, de forma a alinhar sua estratégia a do Governo e aproveitar os incentivos dos principais atores do ecossistema de inovação.
Ao longo da experiência da ABGI, observamos que as empresas com as quais trabalhamos encontram-se em três diferentes fases de maturidade para essa estruturação. As quais chamaremos de fases: Operacional, Estrutural e Estratégica. Essa maturidade é obtida ao longo do tempo e das experiências da empresa com os agentes de financiamento e favorece a obtenção de recursos.
Para detalhes sobre cada uma das fases no texto: Qual o grau de maturidade da sua empresa em relação a captação de recursos?
Fases de maturidade

Além do mais, essas empresas têm dificuldade de estabelecer métricas para evidenciar o processo e os resultados da inovação. Segundo o Manual de Oslo, os indicadores devem servir para compreender os aspectos críticos do processo de inovação, as atividades consideradas como inovação, e não somente a pesquisa e o desenvolvimento, mas também as interações entre os atores e os fluxos relevantes de conhecimento.
A medida que a empresa obtém experiência na captação de recursos, maior é a necessidade de: (i) definir sua estratégia de inovação; (ii) consolidar sólidas parcerias com centros desenvolvedores de tecnologia; e (iii) aproximar-se dos principais órgãos de financiamento à pesquisa e inovação tecnológica.
As empresas que conseguem maior sucesso na obtenção de fomento são aquelas que possuem objetivo claro de inovar, projetos bem estruturados, equipe própria ou assessoria de uma consultoria especializada, e que estão alinhadas ou se alinham às estratégias dos órgãos governamentais, estão atingindo a maturidade na fase estratégica.
Neste contexto, a fim de corroborar com a importância da estruturação de um processo de captação de recursos alinhado a estratégia da empresa, apresentamos os dois casos abaixo: o primeiro de uma empresa com maturidade a nível estratégico e o segundo de uma empresa que está buscando alcançar este nível.
Caso 1: Grande empresa do setor de cosméticos
A ABGI auxiliou a estruturar seu processo de gestão do uso dos mecanismos de financiamento.
No total, para captação de recursos, foram dois grandes projetos. Sendo o primeiro uma avaliação de todo o portfólio de projetos de P&D da empresa e qualificação destes de acordo com potencial de captação de recursos e a própria habilitação de projetos a editais existentes. O segundo grande projeto foi o de estruturação de controles e rotinas para a Prestação de Contas de projetos habilitados e aprovados.
Ao final, a empresa obteve uma evolução nos controles dos projetos e dos gastos, e alcançou um melhor alinhamento entre a alta gestão e a estratégia de PD&I.
Logo, o projeto trouxe uma visão de futuro para a empresa quanto aos recursos diretos, viabilizando o desenvolvimento de novos produtos e processos.
Caso 2: Grande empresa do setor de tecnologia da informação
A ABGI auxiliou a estruturar e maximizar o uso dos incentivos fiscais à inovação tecnológica de forma segura.
Desde 2014, com o nosso apoio, esta empresa a obtém os incentivos fiscais por meio da Lei do Bem para todas as áreas com potencial e para várias empresas do grupo, e a expectativa é que os resultados apresentem avanços ano a ano.
A Lei do Bem indiretamente exige que a empresa aprimore os controles internos tanto nas áreas técnicas quanto nos controles dos dispêndios. A empresa conseguiu implementar processos e agora caminha para criar uma gestão estratégica dos recursos para à inovação na empresa, por isso, também contou com o apoio da ABGI para estudar a viabilidade de utilização dos incentivos fiscais na Colômbia, México e Romênia.
Diante dos casos apresentados, destacamos que ao compartilhar riscos com o governo, as organizações se deparam com um ambiente mais favorável ao investimento em novos projetos de PD&I. Percebe-se o fortalecimento da cultura da inovação, a valorização da propriedade intelectual, o aumento da comercialização de tecnologias inovadoras e o incremento da parceria entre governos, centros desenvolvedores de tecnologias e conhecimento e a iniciativa privada.
A formação de ecossistemas de inovação têm sido uma das estratégias voltadas ao aumento da competitividade dos negócios a partir da agregação de valor a produtos, processos e serviços em diversos países. A empresa que está buscando se diferenciar através da inovação de maneira consistente e orientada aos instrumentos disponíveis, bem como mobilizada pelos atores fundamentais do sistema, poderá superar seus gaps tecnológicos, reduzir o alto risco e contribuir para o desenvolvimento econômico do país.
