Elementos caracterizantes de ambientes de inovação

Fatores para construção de um modelo de sucesso.
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De acordo com as definições trazidas pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) considera-se ambientes inovadores “os espaços propícios à inovação e ao empreendedorismo, constituindo ambientes característicos da nova economia baseada no conhecimento, articulando empresas, diferentes níveis de governo, Instituições Científicas, Tecnológicas e de Inovações (ICTs), agências de fomento e a sociedade.”

Dessa forma, o ambiente de inovação atua como organização intermediária entre esses atores, viabilizando o alcance de melhores resultados nos elos que conduzem o processo de pesquisa e inovação. No contexto do Sistema Nacional de Inovação (SNI), há diferentes modelos de ambiente de inovação: incubadoras, parques tecnológicos, NIT, hubs de inovação, entre outros.

Diante das opções de empreendedorismo com foco em inovação e a crescente tendência de investimento em PD&I pelas empresas, é necessário definir qual ambiente de inovação conversa melhor com as características da empresa. Para determinação do modelo de ambiente de inovação a ser adotado vale levar em consideração os objetivos, a governança, as questões legais e jurídicas, a base de fomento, o benchmarking e os indicadores de desempenho de cada modelo. Todos esses aspectos serão apresentados de forma mais detalhada nas seções a seguir. O entendimento desses fatores é fundamental para a construção de um modelo ideal segundo a percepção da empresa. Ao final do artigo será apresentado um estudo de caso de parques tecnológicos, como exemplo de ambiente de inovação.

Objetivo e valores

Cada ambiente de inovação possui características específicas e assim objetivo e valores definidos. Um claro entendimento dos objetivos estratégicos do ambiente de inovação resulta em um correto enquadramento e assim acesso aos modelos, padrões e metodologia já estabelecidos para aquele ambiente. Uma ferramenta utilizada para auxiliar nesse processo é o Roadmapping, que possibilita:

  • definição/planejamento de direção estratégica,
  • implantação e atualização da estratégia definida, e
  • alinhamento de visão/expectativa entre os envolvidos no esforço de construção do ambiente de inovação.

Governança

A gestão da inovação tem um nível complexo que desafia a governança de ambientes de inovação. A estrutura de governança também envolve poder e práticas difusas entre diferentes e, às vezes, múltiplos atores públicos e privados. A governança desses empreendimentos acaba influenciando o desenvolvimento dos ambientes de inovação.

Segurança legal e questões jurídicas

Os arranjos jurídicos dos ambientes de inovação são norteados pelo Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação, Lei nº 13.243/16 e Decreto nº 9.283/18, que alterou diversos dispositivos do ordenamento jurídico, dentre eles a Lei nº 10.973/04, conhecida como Lei de Inovação Tecnológica. O Marco Legal de CT&I teve como objetivo dar a agilidade e a segurança jurídica para que o conhecimento gerado na academia pudesse ser melhor aproveitado pelo setor empresarial e pela sociedade ao legitimar novas formas de parcerias entre agentes que formam o SNI. Assim, é possível a formação de alianças estratégicas entre esses agentes para a constituição de ambientes promotores de inovação, que podem adotar formatos diversos.

Base de fomento

Uma dificuldade das organziações que investem em inovação é os elevados custos da implantação de P&D, seguido dos riscos econômicos que envolvem a inovação e em terceiro lugar a escassez de fontes de financiamento, segundo pesquisa realizada pelo IBGE.

É importante entender as oportunidades de fontes de fomento existentes nacionais e internacionais para os projetos de cada ambiente de inovação específico para assim garantir a sustentabilidade financeira e sucesso do empreendimento inovador.

Exemplos de ambientes de inovação

O benchmarking tem sido amplamente utilizado como ferramenta de apoio para tomadores de decisão monitorarem o desempenho das atividades empreendedoras e para escolha do melhor modelo de inovação a ser adotado.

No entanto, a natureza inerente ao processo de inovação, seu nível de complexidade, resulta em abordagens com avaliações parciais. Dessa forma, a tarefa de se concluir quais indicadores realmente refletem a natureza do objeto estudado torna-se complicada e deve-se adotar uma análise criteriosa buscando exemplos de ambientes de inovação que refletem melhor a realidade da empresa.

Indicadores de sucesso

Não somente para comparar ambientes de inovação e reproduzir boas práticas, a definição de indicadores de desempenho desses ambientes é importante para avaliação das estruturas já estabelecidas. Em geral, os principais indicadores utilizados para avaliação do sucesso dos ambientes de inovação são os econômicos, financeiros e sociais, no entanto, de acordo com o tipo de ambiente de inovação, deve-se fazer uma análise específica baseado em literatura, levando-se em consideração seus objetivos, atuação, impacto, entre outros.

A partir desses elementos, cabe uma leitura de um ambiente de inovação para exemplificação.

Caso de sucesso

Os parques tecnológicos possuem como base o conhecimento e inovação, o espaço geograficamente definido, com gestão e governança específico, onde reúne várias empresas de base tecnológica e possui forte interação com a academia além da capacidade de formar redes com empresas parceiras.

O Brasil possuía 55 parques tecnológicos em operação apontado em pesquisa realizada em 2020 por Faria et al. (2021), no artigo Parques tecnológicos no Brasil: uma análise dos determinantes da avaliação de desempenho, da Revista Internacional de Inovação. Os resultados da pesquisa mostram que são parques jovens, com poucas empresas estabelecidas, possuem déficit financeiro e que possuem como desafio a atração de empresas para seu ambiente, em especial as empresas âncora.

Os autores destacaram que o número de empresas instaladas nos parques é uma variável importante na avaliação do desempenho e métrica para stakeholders pois sugere sustentabilidade financeira. Outras variáveis consideradas para indicação de sucesso dos parques tecnológicos são a localização geográfica, modelo de gestão, investimentos recebidos, base científica, medido pelo número de alunos de pós graduação e professores que atuam no local, entre outros. Juridicamente os parques tecnológicos brasileiros são, principalmente, fundações, associações ou autarquias. Os recursos de subvenção recebidos são da FINEP, de fundos e parceiros internacionais, governo estadual, governo municipal, MCTI, entre outros.

A governança dos parques envolve habilidade de interação com diferentes setores da sociedade, academia e organizações de fomento, por exemplo, capacidade de atração de investimento e empresas, visão estratégia de serviços com o estabelecimento de portifólio diversificado, entre outros

No Brasil destaca-se o Parque Tecnológico Itaipu Brasil (PTI-BR) como um ecossistema de inovação que integra entidades como instituições de ensino, empresas e órgãos governamentais e promove a sinergia e a troca de conhecimentos em prol do desenvolvimento de soluções para a sociedade. O Parque Tecnológico Itaipu Brasil foi criado em 2003, a partir da ampliação da missão da Itaipu Binacional, sua mantenedora.

Desde os anos 2000, a missão da hidrelétrica é “gerar energia elétrica de qualidade, com responsabilidade social e ambiental, impulsionando o desenvolvimento econômico, turístico e tecnológico, sustentável, no Brasil e no Paraguai”. O compromisso da Itaipu em impulsionar o desenvolvimento foi o grande motivador do PTI-BR, como instrumento para contribuir com a usina por meio de iniciativas voltadas ao desenvolvimento socioeconômico, especialmente na região de influência da Itaipu.

Diante do exposto, acredita-se que, apesar de complexo, considerando os elementos apresentados, é possível implementar ou alavancar um ambiente de inovação. A Abgi Brasil pode te apoiar na definição, estruturação e criação de novos ambientes de inovação, alinhados com estratégia específica da sua organização. A abordagem da Abgi busca trazer um estudo sistemático da estruturação jurídica ideal para o ambiente de inovação, levantamento de oportunidades de fomento específicas para alavancagem da estruturação dos ambientes e uma trilha de inovação e ESG alinhado com os objetivos estratégicos da instituição.

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