O banco BV concluiu sua primeira emissão de “títulos verdes” (“green bonds”) no valor de US$ 50 milhões. A operação ficou com um único investidor institucional europeu, por meio de uma colocação privada. O papéis vencem em 2024 e saíram com taxa de 3,35%. Os recursos serão utilizados em projetos de energia renovável, como o financiamento de painéis solares e desenvolvimento de parques eólicos.
Rogério Monori, diretor de atacado do banco BV, destaca que essa é a primeira emissão de um título com essas características por um banco brasileiro.
“A nossa primeira operação teve um valor relativamente pequeno, mas é para nós uma porta de entrada nesse segmento, que traz diversificação e contato com novos investidores, dedicados ao tema”, afirma Monori.
Um título é chamado de “verde” quando é emitido para captar recursos que vão financiar projetos que possam causar impactos positivos do ponto de vista ambiental ou climático.
A emissão do BV obteve a certificação internacional do Climate Bonds Standard, coordenado pela Climate Bonds Initiative (CBI), uma organização global sem fins lucrativos com o objetivo de promover investimentos em grande escala na economia de baixo carbono. A CBI, informa o BV, é a única organização no mundo que possui critérios setoriais para certificar emissões como verdes. A partir de agora, a instituição acompanha se os recursos captados serão direcionados para os projetos elencados.
Em nota, Thatyanne Gasparotto, chefe do CBI para a América Latina, destaca que a emissão é um marco para o mercado brasileiro. “Esperamos que a operação do BV seja uma ação catalizadora para o setor financeiro no Brasil.”
A operação do BV foi estruturada em meados de março, antes do agravamento da crise da covid-19, e as condições de taxa e montante captado não foram afetadas por ela.
Monori afirma que o BV vem reforçando a agenda de investimentos que consideram aspectos sociais, ambientais e de governança corporativa (ESG, na sigla em inglês), cada vez mais incorporada às finanças globais.
Monori chegou ao BV dois meses atrás, trabalhou apenas uma semana no escritório, e, a partir de então, do home office está à frente das áreas de corporate, tesouraria e private banking.
Ele resume o momento atual como de trabalhar ao lado da base de clientes. Havia uma estratégia inicial no corporate, ele afirma, de promover o crescimento dos clientes do banco com faturamento entre R$ 300 milhões e R$ 1,5 bilhão.
Mas pelo aumento de demanda de operações de crédito, entre outras, por conta da crise, a opção do banco foi estreitar o relacionamento e atendimento dos clientes que já possui, apoiando também aqueles com faturamento acima desse intervalo.
Apesar do cenário ainda incerto, mas de provável deterioração das condições econômicas, Monori destaca que não vê hoje uma situação de crise de crédito.
Segundo ele, o BV tem sido conservador nas operações de tesouraria, e, no atendimento aos clientes, buscado soluções criativas, “fora das planilhas”, diversificado tanto a sua forma de atuação quanto fontes de captação, como foi o caso do título verde.
Fonte: https://valor.globo.com/financas/noticia/2020/05/14/bv-emite-us-50-milhoes-em-titulos-verdes.ghtml
