
Considerada como a mais inovadora do Brasil por dois anos consecutivos, pelo ranking Best Innovator, além de outras premiações, como o 1º lugar do setor no Prêmio Valor Inovação 2016.
Chegar até esses pódios requer ações diárias de toda a equipe voltadas para a inovação, e a 3M é principalmente, um bom exemplo a ser seguido em termos de engajamento no tema, mostrando que pessoas envolvidas e com o mesmo foco é essencial para o sucesso. Conversamos com Camila Cruz Durlacher, R&D Director da 3M do Brasil, sobre estes desafios.
A 3M sempre aparece na relação das empresas mais inovadoras. Como manter o foco e o engajamento de toda equipe para a inovação?
Inovação faz parte da cultura da empresa e não se restringe somente à área de Pesquisa e Desenvolvimento. Todas as áreas da companhia estão engajadas e participam deste processo, e se sentem responsáveis pela inovação. Seja em marketing, manufatura, compras, qualidade, todos tem voz ativa no processo e colaboram para que constantemente lancemos novos produtos e soluções para nossos clientes e mercados.
Uma das iniciativas que fomentam a inovação é a possibilidade de o funcionário utilizar 15% do seu tempo em novas ideias. Como a 3M lida com o fracasso relacionado ao desenvolvimento de projetos inovadores?
Esta regra estabelece que todo funcionário possa dedicar até 15% do seu tempo para projetos que não necessariamente estejam relacionados à sua área de dedicação. É uma forma de assegurar que a organização possa exercitar a iniciativa e a criatividade, e acreditamos que faz parte do nosso DNA, o que assegura que a inovação encontre terreno fértil para surgir e crescer. Neste processo, entendemos que erros acontecerão, nem todos os projetos serão bem sucedidos, mas aqueles “insucessos” que são cometidos de boa-fé, na verdade permitem que a organização continue evoluindo e aprendendo. O conhecimento gerado em cada projeto pode no futuro levar a inovações também e nós valorizamos este aspecto. Sabemos que faz parte do processo de inovação um percentual de insucessos e não nos preocupamos em medir ou “punir”.
Quais são os principais desafios para a 3M inovar no Brasil?
Investimentos em inovação são, por sua característica, de longo prazo e comportam riscos. Nossa empresa, assim como muitas outras, entende que a segurança jurídica, bem como a econômica, é fundamental para que decisões de investimentos em inovação possam ser feitas no Brasil. Acreditamos que o investimento em Pesquisa e Desenvolvimento é justamente o caminho para ganhos de produtividade para assegurar a competitividade brasileira no cenário global.
A 3M acredita no potencial do Brasil e investe anualmente por volta de 5% do seu faturamento no seu centro de pesquisa e no Centro Técnico para Clientes, em Campinas. Além disso contamos com 8 plantas industriais onde produzimos grande parte dos produtos que são vendidos localmente. O talento dos profissionais brasileiros é fundamental para o desenvolvimento de soluções e geração de inovação local.
Qual é a contribuição dos recursos financeiros para alavancar projetos de alto risco tecnológico na 3M?
Hoje a maior parte dos investimentos em projetos, sejam eles de baixo ou alto risco tecnológico advém de recursos próprios. Já há alguns anos a 3M faz uso da Lei do Bem e vê neste instrumento uma grande oportunidade de continuar a ampliar seu compromisso com o avanço da inovação no país. Recentemente também lançamos uma iniciativa para investimento em projetos de maior risco e longo prazo através de uma Incubadora interna, neste primeiro momento focada em alavancar oportunidades relacionadas a megatendências de crescimento no país e na região. Para este tipo de projetos, existe um fundo da 3M Internacional que pode ser requerido pelos países para tais projetos, cuja curadoria e priorização será feita pela Incubadora.
A 3M ainda conta com duas ferramentas de investimento a fundo perdido para projetos ainda em fase de pesquisa e desenvolvimento, chamados Genesis e Discover. Este é focado em projetos ainda em fase inicial, como os projetos de 15%, para os quais o investimento possibilitará a criação de protótipos. Já o Genesis é um catalisador de inovação na medida em que promove projetos que já tenham uma prova de viabilidade técnica a uma fase mais madura de desenvolvimento e escala.

Camila Cruz Durlacher
Camila Cruz Durlacher atua há mais de 18 na 3M do Brasil, ocupa hoje o cargo de Diretora de Pesquisa e Desenvolvimento. Dentro da empresa, já trabalhou em desenvolvimento de produtos, Propriedade Intelectual e Saúde Ocupacional e Segurança, tendo sido gerente de P&D nos Estados Unidos e diretora técnica da 3M Argentina.