A inovação aplicada à sustentabilidade na Suzano

A Suzano está focada em desenvolver soluções que enderecem os principais desafios do século 21
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Time multidisciplinar e especializado em recursos financeiros para inovação, processos e ferramentas.

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Após a fusão, iniciada em 2018, com a empresa Fíbria, a Suzano se tornou a maior produtora global de celulose de eucalipto, e seguiram inovando cada vez mais no desenvolvimento de novos produtos e serviços, como por exemplo no desenvolvimento de biocompósitos para reduzir o uso de plástico em peças e embalagens.

Para entender mais sobre o papel da inovação e da sustentabilidade no DNA da Suzano, conversamos com Fernando Bertolucci, o Diretor Executivo de Tecnologia e Inovação da Suzano S.A., responsável pela liderança corporativa do processo de inovação tecnológica da empresa.

O que é inovação para a Suzano?

Inovação é a nossa capacidade de desenvolver soluções para evoluir / transformar processos e/ou produtos já conhecidos e praticados ou para desbravar fronteiras ainda inexistentes ou pouco exploradas. Para nós, inovação está sempre associada à geração de valor para a sociedade, não apenas para a Suzano, seguindo o nosso pilar cultural de que “só é bom para nós se for bom para o mundo”. O resultado desse trabalho é o que chamamos de “inovabilidade”, ou seja, inovação aplicada à sustentabilidade, em linha com o nosso propósito de renovar a vida a partir da árvore.  

Pautados pela inovabilidade, procuramos desenvolver soluções que enderecem os principais desafios do século 21. Nesse sentido, a inovação faz parte do “DNA” da Suzano, desde as atividades de plantio até o desenvolvimento de bioprodutos.

Depois da fusão, como está estruturado o Centro de Tecnologia?

Temos uma diretoria executiva dedicada à pesquisa e desenvolvimento, que responde diretamente ao presidente da empresa. A nossa abordagem é integrada, o que envolve inovações para toda a cadeia de valor, da floresta aos novos bioprodutos. Temos equipes dedicadas nas áreas de Genética e Melhoramento, Biotecnologia, Manejo Florestal, Celulose e Biorrefinaria, Papel, Bens de Consumo e Fluff, além da Gestão da Inovação, Assuntos Regulatórios e Propriedade Intelectual. Atualmente operamos 6 CTs (centros de tecnologia), localizados no Brasil, Canadá e Israel, além de trabalharmos em parceria com universidades, ICTs e empresas (incluindo startups) em todo o mundo.

No Brasil, nossos laboratórios estão localizados no estado de São Paulo (Jacareí, Limeira e Itapetininga) e no Espírito Santo (Aracruz). Nossas unidades no exterior estão em Burnaby, no Canadá, e Rehovot, em Israel. A nossa diversidade cultural é traduzida por colaboradores de 14 nacionalidades diferentes.

Em termos de governança, uma dimensão fundamental é a existência de um comitê de estratégia e inovação, composto por representantes do conselho de administração, membros externos reconhecidos em suas áreas de atuação e executivos da Suzano. Esse comitê é essencial para fomentar e patrocinar o alinhamento da nossa estratégia de inovação com as oportunidades de mercado e tendências atuais e futuras dos clientes e consumidores.

Qual o tamanho da equipe da Suzano? Como mantém o foco e o engajamento de toda equipe para a inovação?

A diretoria de tecnologia e inovação conta com cerca de 100 pesquisadores, além dos técnicos que atuam nos laboratórios e na experimentação de campo. Mantemos o foco e o engajamento a partir do pleno alinhamento entre a estratégia de negócios e os territórios / projetos de inovação, permeando todas as avenidas estratégicas da empresa. Além disso, cultivamos um ambiente de trabalho saudável e inspirador, que estimula a descoberta e o aprendizado constantes, sempre com base no respeito e colaboração entre as pessoas, criando, assim, um terreno fértil para a inovação.

A gestão do portfólio de projetos de inovação é integrada, promovendo a constante troca de conhecimentos e sinergias entre as equipes. O acompanhamento dos projetos é multidisciplinar e os resultados dos projetos de inovação são atrelados à remuneração dos colaboradores envolvidos.

Hoje, como vocês lidam com os riscos relacionados ao desenvolvimento de projetos inovadores?

Consideramos que a incerteza faz parte do processo de inovação e que temos o desafio de diminui-la gradativamente, a cada etapa de desenvolvimento dos projetos. Para isso, mantemos um portfólio com projetos em diferentes níveis de TRL (technology readiness level). Continuamente avaliamos oportunidades de fomento à inovação, buscando as opções mais adequadas para apoio aos projetos, reduzindo, assim, os custos e riscos por meio de recursos não reembolsáveis ou mais atrativos.  

Como é a organização da interação da Suzano com o ecossistema de inovação (universidades, ICTs ou startups)?

A Suzano atua com prospecção tecnológica orientada, visando parcerias de curto, médio e longo prazo com atores de todo o ecossistema de inovação. A partir de temas alinhados com a visão estratégica da empresa, as colaborações buscam suportar os pilares de sustentação, diferenciação e diversificação, visando alavancar o portfólio de projetos de inovação. Adicionalmente, a empresa tem uma área focada em prospecção de startups, na busca de soluções inéditas e competitivas em diversas áreas de negócios.

Para cada um desses públicos buscamos criar um modelo específico de trabalho e colaboração. No caso das startups, por exemplo, estamos desenvolvendo um ecossistema mais “leve” e receptivo ao perfil destes potenciais parceiros, que possui regras e exigências diferentes daquelas aplicadas a fornecedores de maior porte. 

Como a estratégia ESG (Environmental, Social, and Corporate Governance) da Suzano é colocada em prática?

Os aspectos ambientais, sociais e de governança são norteadores da evolução do nosso modelo de negócio. Mais do que nunca as nossas partes interessadas estão atentas, exigindo que participemos de forma ativa na construção de uma sociedade melhor e mais justa para todos. Entendemos que o valor de um negócio vai muito além do financeiro, e pensamos e agimos desta forma. Cientes disso, e considerando as características do nosso negócio, sustentado em uma fonte de origem renovável (plantios de eucalipto), podemos afirmar que o conceito ESG é adotado na Suzano há bastante tempo.

Temas como mudanças climáticas e redução da emissão de carbono, uso sustentável dos recursos naturais, redução da geração de resíduos (ou aproveitamento destes), desenvolvimento das comunidades vizinhas, dentre outros, fazem parte dos pilares dos nossos projetos de P&D. Além disso, priorizamos a saúde e a segurança no trabalho (e fora dele), incentivamos a diversidade como diferencial competitivo e temos um forte compromisso e responsabilidade com nossos dois bilhões de consumidores, que acessam nossos produtos no dia a dia.

Um claro exemplo do nosso compromisso com os aspectos ESG foi o estabelecimento, no início de 2020, das nossas metas de longo prazo de sustentabilidade. Mais detalhes podem ser encontrados em https://www.suzano.com.br/.   

Quais são os principais desafios para se inovar no Brasil?

O principal desafio é o elevado grau de risco, face à instabilidade econômica e à ausência de políticas governamentais de longo prazo. Em relação a outros países estamos piores nestes aspectos, o que acaba por se tornar uma desvantagem comparativa. Isso posto, temos que ser proativos – sair da reclamação – e atuar no desenvolvimento de soluções de gestão de inovação que sejam resilientes à esse contexto. Acredito que temos buscado esse caminho na Suzano.

Qual é a contribuição dos recursos financeiros para alavancar os projetos?

Os recursos financeiros são fundamentais para viabilização dos projetos de inovação, considerando as incertezas inerentes aos trabalhos de pesquisa e desenvolvimento e os desafios impostos pelo cenário econômico brasileiro.

Estamos vivenciando um movimento muito relevante, que une os universos financeiro, de inovação e sustentabilidade. Refiro-me especificamente aos sustainability-linked bonds, títulos cujas taxas são vinculadas diretamente ao cumprimento de metas sociais e/ou ambientais. A Suzano foi a segunda empresa do mundo, e a primeira das Américas, a emitir esses títulos. Ao fazê-lo, conseguimos emitir um título de dívida de 10 anos com uma taxa de 3,95% ao ano, a menor da história brasileira para títulos com esse prazo.

E o que vocês enxergam de tendência para o mercado que atuam nos próximos anos?

Vemos um futuro de “biopossibilidades”, em que os consumidores devem valorizar cada vez mais as empresas que oferecem soluções por meio de produtos e serviços sustentáveis. Como líderes globais no mercado em que atuamos, assumimos a nossa responsabilidade como um dos protagonistas da economia de baixo carbono. E não apenas pela capacidade de sequestro de carbono que nossa base florestal oferece, mas também pelas inúmeras aplicações – já conhecidas ou em desenvolvimento – para transformar a biomassa do eucalipto em bioprodutos que vão além da celulose e papel.  

Qual orientação você daria para as empresas que estão estruturando agora seus processos de inovação?

Tudo começa com uma estratégia clara e bem definida para a inovação, alinhada com a estratégia de negócios da empresa. Além disso, é necessário uma adequada governança e alocação de recursos internos, e a estruturação de uma rede de conhecimento, relacionamento e colaboração com empresas, universidades, startups e outros atores ligados à inovação. E obviamente um olhar atento ao mercado, aos clientes e aos consumidores (atuais e futuros), uma vez que, em última instância, são esses agentes que vão “comprar” os produtos gerados pela inovação.

Adicionalmente, é importante certificar-se de que as decisões relacionadas à inovação sejam norteadas pela potencial geração de benefícios concretos para as partes interessadas, tornando possível a construção de uma cultura que associa inovação e competitividade, além do cuidado com as pessoas e o meio ambiente.

A inovação é uma jornada, não uma chegada. Às vezes há a tentação de desistir, pelo custo e incertezas encontrados ao longo do caminho. Não é difícil calcular quanto se perde quando uma inovação dá errado, e isso pode ser uma armadilha para mostrar que inovar não vale a pena. Todavia, o que muitos não avaliam ou avaliam mal é o custo de não inovar, ou seja, quanto custa para a sua empresa não inovar e continuamente perder competitividade? No mundo “BANI” – frágil, ansioso, não-linear, incompreensível – não inovar pode simplesmente lhe tirar completamente do jogo. E isso atualmente acontece muito mais rápido do que se imagina.   

Fernando Bertolucci é Diretor Executivo de Tecnologia e Inovação da Suzano S.A., responsável pela liderança corporativa do processo de inovação tecnológica da empresa. Engenheiro Agrônomo e Mestre em Melhoramento Genético de Plantas pela ESAL / UFLA, com 32 anos de experiência na indústria de produtos florestais. Atualmente responde pelos desenvolvimentos tecnológicos nas áreas de Melhoramento Genético, Biotecnologia, Manejo Florestal, Processos e Produtos de Celulose, Papel e Biorrefinaria / Biomateriais. Possui cursos de especialização em Manejo Florestal (UFLA), Gestão Empresarial (Fundação Dom Cabral), Product Development (University of Cambridge – Inglaterra), Driving Strategic Innovation (IMD – Suíça) e Global Executive Academy (MIT – EUA).

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