A Governança como base da cultura ESG

A governança deve ser usada como alavanca para a organização iniciar e consolidar as práticas ESG
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Como já foi discorrido em textos anteriores (A interface entre práticas ESG e estratégias de inovação e Impulsionando a Sustentabilidade) a governança corporativa é um dos três pilares dentro dos indicadores ESG, que também vislumbram os fatores ambientais e sociais dentro das instituições. Aqui, discutiremos como a governança é a base para a implementação da cultura ESG dentro das empresas.

Impacto na mudança de visão

A Governança Corporativa organiza os princípios e processos da gestão de uma empresa para assegurar que eles obedeçam às leis e normas, com foco no bom desempenho. É através dela que se conectam suas partes interessadas, colaboradores, fornecedores, acionistas e investidores, formando assim o ambiente de influência da empresa.

O notável avanço das preocupações de investidores, empresas, governos e indivíduos com questões climáticas e sociais tem consolidado o fim da chamada “doutrina Friedman”, segundo a qual o propósito primordial das empresas é a geração de lucros para os acionistas. Diante desse cenário, que também envolve a crise climática e o acirramento das discussões sobre direitos humanos, as empresas precisam implantar sistemas de governança orientados por uma visão de seu papel social perante a comunidade.

Impacto na cultura organizacional

Pela governança corporativa passa um conjunto de ações a serem adotadas para fortalecer a cultura da empresa e o controle dos processos internos, mantendo sua responsabilidade, ética, equidade e compliance, evitando práticas desleais, posturas inadequadas, fraudes e corrupção. Dentre seus papéis também está inclusa a aplicação da transparência nos processos, garantindo a objetividade e os fluxos de informação para todos os envolvidos, estabelecendo uma relação de confiança em seu ambiente de influência.

A governança é a base de todas as iniciativas, práticas e projetos de ESG. Inicialmente, porque é seu papel garantir que haja coesão entre qualquer realização da empresa e os objetivos do negócio. Por isso é importante que esteja alinhada com uma visão de desenvolvimento sustentável. Além disso, é a governança que determina padrões e critérios por meio dos quais se estabelece a cultura organizacional.

Quando desenvolvida a partir de uma lógica do desenvolvimento sustentável, a governança gera inúmeros impactos positivos, como:

1) pelo cumprimento de boas práticas, evita o envolvimento da empresa em conflitos e escândalos de corrupção;

2) com uma política clara e estabelecida, minimiza a ocorrência de fraudes por parte de colaboradores;

3) o estabelecimento de ações éticas, sólidas e transparentes faz com que a gestão seja mais eficiente no gerenciamento de riscos;

4) por meio da incorporação dos bons valores, valoriza a imagem da marca;

5) aumenta o interesse de investidores;

6) eleva o valor de mercado da empresa.

A valorização da integridade humana e dos ecossistemas é um dos pilares de uma governança capaz de apoiar a implantação do ESG como parte dos negócios. Este é um diferencial importante com relação a ações que não abordam de maneira adequada os impactos das atividades da empresa e que, portanto, podem ser ineficazes ou mal vistas pela opinião pública.

Impacto no mercado corporativo

Uma atribuição relacionada à transparência é a prestação de contas. Isso tanto no aspecto financeiro, com relação à lisura das transações, precisão nos números referente ao faturamento e despesas, pagamento de impostos e encargos sociais, quanto nos resultados de suas iniciativas para melhoria de indicadores sociais e ambientais.

Com os temas de compliance, fraudes e corrupção também em destaque no mercado corporativo, essas políticas de governança ganham cada vez mais força. Segundo o relatório “Risco, Governança Corporativa e Compliance”, da Fortune Business Insights, as atividades ligadas à governança corporativa movimentaram, em 2020, cerca de US$ 27 bilhões no mundo. Para 2028, a estimativa é que esse valor chegue a US$ 75 bilhões.

No Brasil, essas medidas ainda estão em estágio inicial. De acordo com a avaliação do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), a pontuação das empresas de capital fechado sobre a adoção de programas de governança corporativa é, em média, de 34,6 em uma escala até 100.

Diante do exposto, fica claro que a instalação de uma cultura ESG passa, invariavelmente, pelo crivo da alta governança das empresas, responsável pela definição das estratégias e métricas adotadas pela instituição. Nesse senário, podemos ver como improvável, áreas de esferas inferiores, como por exemplo Pesquisa e Desenvolvimento, sendo responsáveis pelo direcionamento da instituição em uma rota de crescimento considerado sustentável, e que preze pela responsabilidade socioambiental.

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